Qualquer competição profissional poderia escolher o final da Liga Empresarial na variante de Futebol de Sete como um exemplo modelo para se concluir um torneio. Mais de sete horas de competição ‘non stop’ no sintético do Complexo Desportivo Adriano Canas com a entrega e dedicação de oito equipas que se bateram entre si numa fase de grupos que antecedeu uma imprevisível ronda a eliminar e uma final emotiva que terá sido o jogo de maior nível de qualidade e emotividade de todo o torneio. Uma final a sério!
Uma final que coroou a entrega de uma equipa que não era a fisicamente mais atlética, a mais dotada tecnicamente ou a fisicamente mais resistente. Dachser tinha outros atributos, uma alma do tamanho da Liga Empresarial e um espírito colectivo que a levou a progredir na competição, ter inclusivamente perdido um jogo na fase de grupos, ir deixando para trás os adversários com que se foi deparando nos quartos-de-final e meias-finais e ainda ter direito ao ’capricho’ de vingar a única derrota sofrida…precisamente ante o mesmo adversário que o havia derrotado na fase preliminar.
Dachser viveu o ’sonho de Cinderela’ neste torneio ao apurar-se para as rondas a eliminar na segunda posição após ter derrotado SIBS e RTP e terminado o Grupo B com um desaire perante Parques Tejo, o único percalço já que nas eliminatórias Dachser apresentou um percurso de campeão ao levar de vencida AMTROL num disputado confronto portuense e na meia-final ter patenteado uma clara superioridade sobre a RTP. Na final, a reedição da 3ª jornada da fase de grupos do Grupo B e pelo resultado conseguido durante a tarde, Parques Tejo até detinha algum do favoritismo.
Ponto mais alto da participação de Dachser foi mesmo a final e uma prestação altamente profissional
Para mais, tendo em conta as incidências adjacentes à própria prova, a equipa lisboeta até tinha a seu favor a vantagem de entrar para o desafio decisivo com menos um jogo a pesar no desgaste que, na verdade, já era grande para todos, uma vez que não necessitou de disputar a partida referente aos quartos-de-final face a Delsk ter sido excluído da prova. Desta forma, Parques Tejo encarou SIBS com uma excelente prestação individual e nos aspectos técnico e atlético…mas também com uma resposta física superior a SIBS.
Apenas minutos antes, SIBS havia ultrapassado uma ’batalha’ com o Casino Lisboa, apenas decidida num longo desempate por pontapés de grande penalidade. Numa competição tão curta e fisicamente exigente como esta, pormenores muitas vezes decidem mas na larga maioria dos casos é o puro futebol que decide quem vence. Nesse sentido, Dachser deixou fora das quatro linhas o cansaço que já era visível no final da meia-final e enfrentou Parques Tejo com uma verdadeira ‘exibição de gala’: marcou cedo através de um ressalto após tentativa de corte de Paulo Ferreira.
Ricardo Gomes acreditou, interpôs-se junto ao adversário e fez com que o ressalto lhe fosse favorável e que se dirigisse para o fundo da baliza. Parques Tejo assumiu, procurou a reacção à desvantagem, teve de lidar com a inspiração de Rodolfo Pinto, o melhor guarda-redes da competição, e conseguiu o empate já nos minutos finais após assistência de Djassy Gomes abrindo caminho ao remate certeiro de Milton Borges. Indício de prolongamento? Nada disso: faltava aparecer o MVP do torneio…que ao mesmo tempo lutava para arrecadar o troféu de melhor marcador.
Rúben Gonçalves teve na final o seu ‘cartão-de-visita’, tendo não só apontado os dois golos que colocaram novamente a equipa na frente do resultado como o fez com dois remates de belo efeito, em especial o último, um remate sem preparação de levantar todos aqueles que assistiam ao desafio e o ponto mais alto de um torneio em que Dachser fez por merecer o título e a concentração de todos os troféus individuais. Não pelo domínio no poderio físico, mas pela demonstração de que a regularidade e a organização enquanto equipa valem mesmo campeonatos.